Aljube e Caxias – O preso nº 8998

1947, Aljube e Caxias – O preso nº 8998

4º piso do Museu do Aljube Resistência e Liberdade. Até 30 de Junho

Colaboração Atelier-Museu Júlio Pomar e Museu do Aljube 

Curadoria de Sara Antónia Matos e Rita Rato

Júlio Pomar foi o preso n.º 8998 do Registo Geral de Presos da PIDE, e esteve detido alguns meses no Aljube e em Caxias, com quase toda a comissão central do Movimento de Unidade Democrática (MUD) Juvenil.

A 27 de Abril foi preso em Évora depois de se ter deslocado a Tavira, Portimão e Beja para reuniões com as comissões distritais e concelhias do Alentejo e Algarve do MUD Juvenil. É mantido em regime de isolamento até 10 de Maio, acusado de ter assinado e autorizado a publicação do Manifesto à Juventude, datado de 31 de Março. Transferido para Caxias, é libertado a 26 de Agosto, sendo em seguida julgado e condenado ao tempo de prisão sofrida. 

A presente exposição incluiu obras de sentido político, com datas a partir de 1945, incluindo o quadro Resistência, apreendido na 2ª Exposição Geral de Artes Plásticas, em 1947, um dos 13 quadros retirados durante uma incursão da polícia política à Sociedade Nacional de Belas-Artes, em 13 de Maio, devolvidas dois dias depois com proibição de voltarem a ser expostas. O Cinema Batalha é inaugurado no Porto a 29 de Maio, encontrando-se por concluir um dos frescos de Pomar.

Expõem-se estudos para as pinturas murais do Batalha, fotografias e documentos da época. Também os retratos desenhados dos seus camaradas de prisão (com outros retratos posteriores dos seus amigos do Porto) bem como cenas do quotidiano dos presos (Refeitório e Parlatório).

Alargando o horizonte temático e cronológico da mostra incluem-se também ilustrações para o livro Guerra e Paz de Tolstoi (1955-56) e, entre outras obras, Guantanamo, uma pintura e uma serigrafia de 2004, referente aos prisioneiros da base norte-americana.

Guantanamo, 2004

Todas as obras pertencem ao Atelier-Museu Júlio Pomar ou à Fundação Júlio Pomar (em depósito no Atelier-Museu).

Duas outras pinturas de 1947 – não expostas – representam cenas do Forte de Caxias: Bailique (beliches), que pertenceu ao poeta Joaquim Namorado e passou em leilão em 1997, e Parlatório, doado pelos escultores Maria Barreira e Vasco da Conceição ao Museu do Neo-Realismo, de Vila Franca de Xira.

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