Exposição “QUE HORAS SÃO QUE HORAS: uma galeria de histórias”
Galeria Municipal do Porto
17.12.2020 – 14.02.2021. Prolongada até 25.04.2021
curadoria: José Maia, Paula Parente Pinto, Paulo Mendes



No início do itinerário: 1. os frescos do Cinema Batalha (pintados em 1946-47, destruídos por ordem do governo em 1948) – estão expostos desenhos dos estudos para os murais, fotografias e documentação relativa à sua ocultação – entretanto substituídos por cópias fotográficas).
2. a página ‘Arte’ do diário A Tarde (1945).
3. a primeira exposição individual: 25 desenhos na Galeria Portugália, em 1947, e o álbum XVI Desenhos, de 1948.
Diante de uma reinterpretação do mural principal por Nuno Ramalho.




As Exposições Independentes, iniciadas em 1943 pelo Grupo de Estudantes da Escola de Bela Artes, e a actividade pioneira da Galeria Portugália. Catálogos e fotografias da Livraria e Galeria Portugália, projecto do arquitecto Artur Andrade, na Rua 31 de Janeiro. Abel Salazar e Júlio Resende só estão representados por catálogos (é uma das evidências de um comissariado atrabiliário – A.P.)
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Sérgio C. Andrade no Público,: “Antes de se entrar verdadeiramente na exposição, um mural de Nuno Ramalho faz uma interpretação contemporânea do painel que Júlio Pomar realizou em 1947 para a arquitectura modernista do Cinema Batalha. Em frente, uma prateleira mostra desenhos preparatórios, documentos e recortes de jornais que testemunham as circunstâncias em que o jovem artista lisboeta, então a estudar nas Belas-Artes do Porto, foi convidado pelo arquitecto Artur Andrade para decorar uma parede interior da nova sala, bem como a sua prisão por razões políticas e a posterior censura e apagamento da obra em que festejava o São João portuense.” (18 Dezembro 2020)
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Informação da Galeria Municipal: “A exposição Que horas são que horas: uma galeria de histórias” parte de um convite da Galeria Municipal do Porto a três curadores para uma reflexão sobre a paisagem histórica das galerias de arte no Porto, inscrita entre a aparente abertura cultural do final da Segunda Guerra Mundial e a retração do tecido cultural provocada pela recente crise económica. Um olhar sobre esta cronografia permite compreender as muitas faces da civitas e as cumplicidades transformadoras entre artistas, agentes culturais e públicos que a conformam.
Este retrato retrospetivo atravessa as exposições independentes em livrarias que ensaiaram uma profissionalização alternativa da arte, recorda o confronto com novos públicos e espaços cívicos que só a revolução de 1974 permitiu até à celebração das inaugurações simultâneas na rua Miguel Bombarda, culminando na rede de lugares alternativos organizada para resistir à Troika.
Contra o regime ou com o seu apoio, num vazio institucional ou alimentando museus, herdeira de um contexto social conservador isento de discurso crítico e resistente à inscrição de novas gerações de artistas, a paisagem histórica das galerias de arte no Porto é feita de cidadania e comércio, de uma arte não apenas de culto, mas com valor de troca: uma galeria de histórias. http://www.galeriamunicipaldoporto.pt/pt/exposicao/que-horas-sao-que-horasuma-galeria-de-historias-2020/